O diagnóstico do astigmatismo severo é feito por meio de exames clínicos realizados durante a consulta oftalmológica, que avaliam a nitidez da visão, o grau de distorção e a curvatura da córnea. Os principais exames incluem teste de acuidade visual, refração, ceratometria, topografia corneana e, em alguns casos, tomografia da córnea. Esses procedimentos são rápidos, indolores e fornecem ao oftalmologista dados precisos para identificar o grau e o tipo do astigmatismo.
Se você vem notando visão borrada, distorcida, dores de cabeça frequentes ou dificuldades com óculos que não resolvem o problema, pode estar diante de um astigmatismo mais avançado. Neste artigo, você vai descobrir como os médicos identificam esse quadro, por que o diagnóstico preciso é tão importante e o que acontece depois de confirmado o astigmatismo severo.
Astigmatismo severo é só um grau alto? Nem sempre.
Quando se fala em astigmatismo severo, muitas pessoas pensam apenas em um número alto na receita dos óculos. Mas a questão vai além disso.
O astigmatismo grave, também chamado de astigmatismo severo ou alto grau, é caracterizado por uma curvatura irregular e acentuada da córnea, que afeta a forma como a luz entra no olho e se projeta na retina. Isso causa visão turva, distorcida, com sombras e desconforto constante, mesmo com correção visual inadequada.
Além do grau elevado, o termo severo pode indicar a presença de alterações estruturais na córnea, como afinamento ou deformações, que exigem investigação mais profunda. Em alguns casos, esse quadro pode estar relacionado ao ceratocone, que é uma doença progressiva da córnea.
Por isso, o diagnóstico correto depende de uma análise clínica detalhada, e não apenas de medir o grau dos óculos.

A consulta médica é o primeiro passo
Tudo começa com uma conversa. O oftalmologista vai ouvir suas queixas, perguntar sobre os sintomas, quando começaram, se você já usa óculos ou lentes e se houve piora recente.
Essa etapa, chamada de anamnese, já levanta suspeitas sobre a gravidade do astigmatismo. Pacientes com graus elevados costumam relatar:
- Visão duplicada ou com contornos borrados
- Dor de cabeça frontal, especialmente ao final do dia
- Sensação de fadiga visual constante
- Dificuldade para enxergar com nitidez em qualquer distância
- Incômodo com luz forte
- Problemas para dirigir à noite
- Troca frequente de óculos sem melhora real
Com base nessa conversa, o oftalmologista já sabe que não está diante de um simples ajuste de grau. E aí começam os exames.
Teste de acuidade visual: o primeiro sinal aparece aqui
Este é aquele exame clássico em que você lê letras de diferentes tamanhos numa tela. O objetivo é medir o quanto você enxerga com nitidez para longe e para perto.
No caso do astigmatismo severo, a pessoa pode enxergar parcialmente algumas letras, mas com borrões, sombras ou distorções, o que já sugere uma alteração mais complexa.
Esse teste ajuda a entender o impacto funcional do problema, mas ainda não mostra a causa.
Refração objetiva e subjetiva: hora de medir o grau
O exame de refração é onde se determina o grau exato de correção necessário para que a imagem volte a ser nítida. Ele é dividido em duas partes:
Refração objetiva: feita com o uso de um aparelho chamado autorefrator, que lança luz dentro do olho e mede automaticamente o grau estimado.
Refração subjetiva: realizada com a famosa “caixa de lentes”, onde o médico vai trocando lentes até encontrar a combinação ideal para cada olho, perguntando qual imagem fica mais nítida.
Em casos de astigmatismo severo, o processo costuma ser mais demorado e delicado, pois a diferença de curvatura da córnea pode causar aberrações ópticas difíceis de corrigir com lentes comuns.
Ceratometria: medindo a curvatura da córnea
A ceratometria é um exame que mede os meridianos principais da córnea, ou seja, a sua curvatura nos eixos horizontal e vertical.
O astigmatismo está diretamente relacionado a essas diferenças. Quanto maior a diferença de curvatura entre os eixos, maior o grau de astigmatismo.
Esse exame é rápido, feito com luzes e reflexos, e ajuda a identificar se o astigmatismo é regular (mais comum e fácil de corrigir) ou irregular (mais complexo, geralmente associado a deformações como ceratocone).
Topografia corneana: o exame mais detalhado para astigmatismo severo
Quando o oftalmologista suspeita de astigmatismo mais acentuado ou incomum, a topografia corneana é solicitada.
Esse exame faz um mapa em 3D da superfície da córnea, revelando todas as curvaturas, elevações, irregularidades e zonas de afinamento.
É aqui que se identifica, por exemplo:
- Astigmatismo irregular
- Ceratocone em estágio inicial ou avançado
- Deformações pós-cirúrgicas
- Cicatrizes ou degenerações corneanas
A topografia é fundamental para determinar o tipo de correção mais adequada. Nem sempre um óculos convencional consegue corrigir os efeitos de um astigmatismo severo com base irregular. Às vezes, é preciso usar lentes rígidas especiais ou considerar procedimentos mais específicos.
Tomografia de córnea: análise ainda mais profunda
Em alguns casos, especialmente se houver suspeita de ceratocone avançado ou outra condição estrutural, o oftalmologista pode solicitar a tomografia da córnea, um exame que vai além da topografia.
Ele mede a espessura da córnea, a profundidade das irregularidades e a resposta da córnea à pressão intraocular, entre outros dados. Isso ajuda a indicar o melhor tratamento e avaliar a estabilidade da estrutura corneana.
Esse exame é essencial no pré-operatório de cirurgias refrativas, como LASIK ou implante de anel intracorneano.
Exames complementares, se necessário
Além dos exames já citados, o oftalmologista pode solicitar:
- Paquimetria (espessura da córnea)
- Teste de sensibilidade ao contraste
- Teste de aberração óptica
- Retinoscopia para confirmação do grau
Esses exames não são feitos em todos os casos, mas são úteis quando o diagnóstico não está claro ou quando o astigmatismo vem acompanhado de outras condições.
O que acontece depois do diagnóstico
Com todos os dados em mãos, o médico classifica o astigmatismo como regular ou irregular, leve, moderado ou severo, e define o melhor caminho.
As opções podem incluir:
- Óculos com lentes cilíndricas de alta precisão
- Lentes de contato rígidas ou tóricas
- Lentes especiais para ceratocone (esclerais, híbridas)
- Cirurgias com laser ou implantes corneanos
- Crosslinking, em casos de ceratocone progressivo
Cada decisão depende não só do grau, mas da estrutura da córnea, da idade, das atividades diárias e das expectativas do paciente.
Considerações finais
O astigmatismo severo pode parecer um desafio, mas com diagnóstico preciso e acompanhamento especializado, é possível viver com conforto visual e segurança.
A consulta oftalmológica, mais do que medir o grau, é o momento de entender o que está por trás dos seus sintomas. E quanto mais cedo essa jornada começa, mais leve ela se torna.
Se seus olhos estão pedindo atenção, vale escutar com calma. Talvez a resposta que você procura esteja na curva de uma córnea — e na decisão de cuidar dela agora.

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